Quanto preciso ter para operar day trading?

Essa é uma pergunta recorrente em nossos treinamentos. Muitas pessoas que iniciam no mercado financeiro acreditam que o quanto é necessário ter em conta para começar a operar é apenas o necessário para compor a margem. A depender da corretora, esse valor pode ser bem baixo. No entanto, é preciso entender que a margem para day trading oferecido pelas corretoras corresponde ao quanto é necessário dispor em conta além de sua perda na posição que está em andamento. Por isso se chama margem (de margem de segurança!).

A resposta à questão original passa pela gestão de risco. Nós da Advise defendemos que o trader deve entrar em operações em que o stop loss é definido já de partida, que seja por meio de uma análise gráfica, quer seja por algum indicador baseado em volatilidade. Pelo gerenciamento de risco, define-se um percentual máximo dos recursos financeiros que pode ser perdido em caso de stop loss ser atingido. Digamos que esse percentual seja 1% dos seus recursos. Digamos ainda que, segundo a gestão de risco, a perda diária correspondente a três stops é o máximo aceitável pelo trader. Quando esse limite for alcançado, ele deve parar de operar naquele dia, sem buscar uma recuperação, que é o tão chamado “brigar com o mercado”. O trader deve ter em mente que, se sua estratégia não está funcionando, é muito provavelmente porque as condições do mercado estão adversas à estratégia. Não existe estratégia que funciona bem em qualquer condição de mercado. Logo, o melhor a ser feito é aceitar a perda e sair. Assim, por dia, três stops levariam a uma perda de aproximadamente 3% dos recursos. A esse montante deve-se somar a margem solicitada pela corretora para o ativo sendo negociado. Logo, o trader precisa dispor de 3% do seus recursos que foram separados para operações de trading em renda variável.

Se o trader dispõe de R$5.000,00 para operações em renda variável, ele deve alocar R$150,00 para cada dia de operações. Essa seria a máxima perda diária que ele deve aceitar, e somente entrar em operações cujo stop loss é de 1% dos seus recursos, ou seja, R$50,00. Claro que ele deve procurar se diferenciar buscando cenários com os quais ganhe pelo menos 1,5 vezes esse valor.

Agora, a relação entre o stop loss e o valor financeiro envolvido depende do tipo de papel. Sabe-se que o stop loss é definido pela estratégia. Se o trader estiver negociando mini-dólar, e a estratégia apontar para uma entrada em posição comprada com stop loss 3,0 pontos abaixo da cotação de entrada, esses pontos correspondem a R$30,00 por contrato (no mini-dólar, cada variação de um ponto da cotação corresponde a uma variação de R$10,00). Assim, o trader irá comprar 1 contrato, correndo risco de perder R$30,00. Se ele comprar 2 contratos, corre o risco de perder R$60,00, que é um montante acima do máximo permitido de perda de R$50,00 por operação, de acordo com sua gestão de risco. E se, de acordo com a estratégia, o risco da operação ficar acima do máximo, o mais certo é não entrar na operação. Sabemos que essa é uma decisão difícil, na qual o lado emocional pode levar o trader a entrar na operação, mesmo que ela o faça infringir sua gestão de risco. Mas a ideia ao adotar uma gestão de risco é também limitar a influência da parte emocional, se o plano de gerenciamento de risco for seguido à risca como se o trader fosse uma máquina.

Se o trader possui menos recursos, digamos R$1.000,00, 1% de perda por operação corresponde a R$10,00. Nesse caso, dificilmente será no mercado de futuros que ele encontrará oportunidades para trading. Por outro lado, no mercado de ações é possível encontrar tal oportunidade. Por exemplo, suponha que para uma determinada ação o stop loss deve estar R$0,10 abaixo da cotação atual. Se a perda máxima por operação é de R$10,00, ele pode adquirir R$10,00/R$0,10 papéis, ou seja, 100. E onde entra a alavancagem que a corretora dá para o papel? A alavancagem é usada apenas para determinar o montante financeiro que é preciso ter em conta para montar a operação. Se a cotação do papel é R$15,00, ele não precisa ter em conta R$1.500,00 para comprar um lote de 100 da ação. Se a alavancagem para day trading que a corretora adota para esse papel for de 20, então será solicitado de sua conta, quando a operação iniciar, R$1.500,00/20, ou seja, R$75,00. Somente? Não! Se a operação for contra ele, ainda precisa dispor de R$10,00 para suportar a perda. Ou seja, R$85,00 serão necessários ter em conta, para dar margem a uma operação. Para suportar três perdas em um dia, é necessário dispor de três vezes esse montante alocados como margem de garantia. Para quem tem ainda menos recursos, pode buscar operações com opções (calls e puts), que custam de R$0,01 a R$2,00 e apresentam volatilidade muito maior do que ações de baixo valor (evitamos usar o adjetivo “barato” pois a depender dos fundamentos, o valor da cotação pode estar caro). O cálculo do montante financeiro para operar é similar ao caso de ações.

Como esses exemplos, percebe-se que a quantidade de recursos necessários para operar depende do tipo de papel. Para cada caso, é um caso. Por essa razão em nossos treinamentos fornecemos uma planilha que permite fazer o planejamento de tamanho de posição e de recursos disponíveis para cada operação. Se já no planejamento a planilha indicar que o gerenciamento de risco não poderá ser respeitado, o trader desiste de montar sua posição, sob pena de ter ela desmontada compulsoriamente pela corretora logo após sua montagem.

Deve-se ter em mente que o montante mínimo para operar não é dado pela margem solicitada por contrato pela corretora, mas sim ao percentual do patrimônio correspondente à perda máxima diária. Deve-se ainda atentar que, se a corretora cobra taxa de corretagem, dispor de muito poucos recursos pode deixar mais difícil a tarefa de manter a conta no positivo. E na busca de usar menos recursos o trader decidir arriscar 10% do seu patrimônio por operação, que pode ser mesmo impulsionado pela ganância, ele não pode esquecer que se sofrer três perdas consecutivas ele verá seu capital cair em 30%! Esse aumento de risco resulta também em um rápido aumento da chance de ruína.

Assim, nossa resposta definitiva para o mercado de futuros: arrisque 1% por trade, deixe 3% e mais um pouco como margem de garantia, e o restante dos recursos aplicado em renda fixa. Encontre o papel que permita, segundo a estratégia adotada, montar uma operação com número de contratos/lotes acima do mínimo requerido. Acreditamos que para o mercado de futuros, R$3000,00 é o mínimo que se deve dispor como capital de risco, mas a partir de R$5000,00 haverá mais oportunidades que permitam a montagem de uma operação.

Para o mercado de ações, pode-se começar mesmo com R$3000,00, arriscando 1% por operação. Mas a quantia a ser deixada para cobrir margem dependerá da cotação do papel e da quantidade de lotes.

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